terça-feira, 31 de dezembro de 2013

(Quebra-cabeças ou Fausto redivivo)


da mente retorcida
desaninharam-se as serpentes. 
tecido espiritual cercado de abutres. luxúria faustiana.

os deuses perderam a fé.



                                                  (José Carlos de Souza)

(Ave Agoureira)



ave agoureira
e seu grito emplumado.
uma toada sangra no vento.

o que gerou,
aquele grito aflito,
foi o soluço
que minha garganta refutou,
temendo que o choro,
depois de consolado,
gestasse a alegria.


             (José Carlos de Souza)

(Vertigem)




se à noite
os gerânios girassem
e os cataventos cantassem?

se à noite
o silêncio vomitasse formas
e a lua florisse?

se o almíscar da noite
vestisse Prada?
e se o âmbar gelasse nas veias?

na vertigem
o horizonte se inclina
e os sentidos se orvalham.


                 (José Carlos de Souza)

(Sol de metal)



sonhos fatigados
fogem dos meus olhos
como um sol de metal.


   (José Carlos de Souza)

(Serenata)




a lua
espalha
pelas calçadas
seus borzeguins de prata.


      (José Carlos de Souza)

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

(Alma Cósmica)



aos primeiros raios de sol
a alma cósmica desperta
e nos põe em estado de poesia.

vozes cantam no invisível
e mostram o infinito
que há em nós.


                  (José Carlos de Souza)

(Oráculos)



labirinto
de tempo e espaço

os oráculos
trazem à tona
verdades veladas.



     (José Carlos de Souza)

(Tempos idos)



há uma tarde
perdida no tempo

tempo
de ir embora.

entre a parede e o teto
os minutos escorrem
outra vida labora.
 
    (José Carlos de Souza)

(Gatos e Sapatos) - Poetrix




tarde de chuva.
no tapete da sala
gatos e sapatos.

        *****

chego molhado.
sapatos se espalham
gatos em fuga.


    (José Carlos de Souza)

(Chama Acesa)



imaginar uma manhã de sol
luz invadindo a penumbra
criando marcas no lençol

o amor crescendo em nós
e uma canção ganhando voz

reinventar mil coisas
fazer mil loucuras
esquecer as aflições
ter menos obrigações
descartar as ilusões
sem apagar os sonhos
descartar as ilusões
bordar o amor 
com as linhas
do coração

não importa a estação
se é inverno ou verão
a chama está acesa
o sangue ferve de paixão.


                          (José Carlos e Duda Flores)

* Letra musicada por Paulinho Natureza

domingo, 29 de dezembro de 2013

(Aquarela)



Espera o tempo correr
Vem ver o sol nascer
Uma linda aquarela

Quando a saudade bater
Faça um lindo poema
Dizendo em versos de amor

Como anda frio o coração
Sem o calor do nosso verão
Espera o tempo correr

Logo a lua há de crescer
O amor pinta em cores
Uma outra tela de amores.


                       (José Carlos de Souza)

*Letra musicada por Suzete Dutra

(Olhos) 



os olhos cortam
segredam e segregam
os olhos veneram


   (José Carlos de Souza)

(Conflito)



dentro de mim
mora um destino
conflituoso, 

às vezes danoso

dentro de mim
um deus passeia
e eu me sinto só


        (José Carlos de Souza)

(Quando se perde um amor)



um dia perdido
é um dia alheio
olhar que se extravia

uma noite perdida
é um aperreio
balão que se esvazia

mas quando se perde um amor
o mundo parte-se ao meio
letra perde a melodia

na inexatidão da paixão
a vida ganha um teorema
:razão sem nexo, coração.


                         (José Carlos de Souza)

* Letra musicada por Ciro Carvalho

(do outro lado da história)



o segredo muda de pele
conforme a cor da memória

do outro lado da história
amanhece vida
anoitece mistério


   (José Carlos de Souza)

(Submerso)



chão de peixes
chão de náufragos

mar de estrelas.


  (José Carlos de Souza)

sábado, 28 de dezembro de 2013

(Hai-kai)



Sol esquivo
fechado em seu brilho.
mundo precário.

  (José Carlos de Souza)

(Zaratustra)



do licor das chamas
Zaratustra bebia
a alma do mundo.

intempestivo,
Nietzsche sorria.


    (José Carlos de Souza)

(Flash)



barco
naufragado nas nuvens
corpo
encharcado
sede
de sol
coração arregimenta segredos

(sóbria sabedoria dos lamas)


          (José Carlos de Souza)

(Descompasso)



passos que vão
saberão voltar?

muita gente ficando pelo caminho
eu, caminhando sozinho.

tá tudo parecido
anteparo abraço amparo
tá tudo fenecido
o corpo a alma
o amor tá amaro.
tô bastante esquecido
das dívidas do tempo do que me é caro.

flor do mistério
o sol nas mãos
sementes de gás e plasma. 


                             (José Carlos de Souza)

(Hai-kai)



não tenho antes
nada deixo pra depois
sou todo agora.


   (José Carlos de Souza)

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

(Sonatina)



runas 
cartas
i ching
 

não sei não
amar desse jeito
arrebenta as corda
do meu coração


  (José Carlos de Souza)

(Queria ter)



queria ter
a lucidez dos profetas
e a loucura dos poetas,
a alegria dos palhaços
e a inocência das crianças,
a liberdade dos ventos
e o encanto dos oceanos.

vontade que me faz viver
verdade que me faz sonhar

queria ter
a têmpera do aço
e a mobilidade dos pássaros
a energia das mãos
e a malícia do laço
a mística do luar
e a magia do espaço

vontade que me faz viver
verdade que me faz sonhar


         (José Carlos de Souza)

(Monólogo das Cores)



tempo
contratempo
tortura

monólogo das cores
ideias absurdas
loucura

na outra margem
o infinito


   (José Carlos de Souza)

(Que Tao?)


atalho                       
vereda                      
caminho     

ponte
montanha
mente

sol
clave de fogo
serpente

luz
cor
corpo

(caos)
 
onde o tempo
se dissolve
e a vida
se eterniza.


 (José Carlos de Souza)

(Sonhos de Abril)

 
 
                       "Abril é o mais cruel dos meses"
                                     T.S. Eliot
 
o céu se deslava
em cirros e overdose de nimbos.
em alguns momentos
com o sol entredentes
fazem-se nuvens de arribação.
meus dedos gotejam
rosas encarnadas.

chovem miniaturas
para que os anjos
desovem auroras.

(penas que uma manhã machuca/
tristes sonhos de abril.)
 
                       (José Carlos de Souza)

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013


(Meditação)


candeia acesa
sobre a mesa. vento sopra
chama não treme.


       (José Carlos de Souza)

domingo, 22 de dezembro de 2013

AVE SEM PAR




tardo, sombrio
sinuoso como um rio
voo desgarrado de ave sem par.




             (José Carlos de Souza)

QORPO SANTO




alma de longas plumas
laqueada de mistérios
voz matraqueada
dos quero-queros

toda dose de exagero
na manhã mal amanhecida
quando o horizonte

                                ainda

            neblina

em sinal convexo
sangra a palavra fugidia
estrela acesa no medo
         (José Carlos de Souza)

sábado, 21 de dezembro de 2013

(Botero)



corpos
em redondilha maior
cores
encarnando vida


o olhar
se desmancha na tela.


   (José Carlos de Souza)

(Pequena suíte)


com olhar destemido
e pés devolutos
sigo tangendo
a solidão das estradas

um pequeno risco
que não cabe no horizonte



       (José Carlos de Souza)

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

DELÍRIO CIRCULAR


metal das horas
incêndios concêntricos
crianças high tech
delírio circular

é preciso rasgar
o tecido da mesmice
e injetar veneno neuronal

gira nos olhos
a moeda do tempo
mandala silvestre
corola volátil
labirinto de Deus

novas cores
de uma velha canção
viola de couro curtido
cordas tensas
do meu coração.


   
     (José Carlos de Souza)

  (simulando razões) esse jogo de máscaras  esconde esgares congela o voo tudo para que  o caos se faça na pele enrugada da tarde para que u...