ninho d'água casulo de cristais conchas fráguas frágeis corais vinheta de rio natureza forjada casa transparente docemente inundada
vertigens, líquidas imagens peixes voam no aquário pássaros de asas cortadas
os olhos fitam o vazio
(assoreada visão)
o coração fica em silêncio (recorrente paixão) ***
(José Carlos de Souza)
sábado, 22 de novembro de 2014
(Desafio)
metais se chocam no assombroso maquinário cerebral produzindo o calor das ideias
nas ondas cósmicas no espaço delimitado entre a mente e o infinito flutuam os pensamentos
captados na essência no evolar dos sentidos plasmando nossa capacidade de sonhar
eis o que nos desafia: sair do imaginário e criar a realidade
a realidade é o que não havia
a realidade é o que não se via
é o que sub-repticiamente ardia
(José Carlos de Souza)
(Mandala)
os olhos fremem girando em círculos convulsos eletrizando a alma
a mente se altera acelera/desacelera se acalma
a percepção se aguça
(José Carlos de Souza)
quarta-feira, 19 de novembro de 2014
(Cabeça)
cabeça porta do sol
catedral
animalesca
inferno
em escala gigantesca
(José Carlos de Souza)
domingo, 2 de novembro de 2014
(Sol marinado)
flores de sal banhando o azul
sol marinado
(José Carlos de Souza)
- Cortando meridianos - (Zen)
nenhum lugar - paraíso -
nenhuma cor - silêncio -
(José Carlos de Souza)
sexta-feira, 31 de outubro de 2014
(Arte)
a arte catalisa o saber desafia os incrédulos mostra-nos um novo alvorecer
a arte não quer ser a flor das vaidades nem o desvario das celebridades
a arte não quer o poder pois o poder desconhece a verdade
e é rico em iniquidades
a arte, antes de ser arte arde no cadinho da imaginação polariza ideias, potencializa emoções
(José Carlos de Souza)
quinta-feira, 30 de outubro de 2014
(Céu indissolúvel)
tempo e espaço diluídos em nanossegmentos enquanto a mente segue os rastros quentes do infinito
luz abandonada no céu indissolúvel
(José Carlos de Souza)
(brilho estelar)
intenso brilho estelar
seu olhar macio tresanda a luar
(José Carlos de Souza)
- espelho d'água -
espelho d'água
lua
mergulha.flutua
(José Carlos de Souza)
(Dias inúteis)
nos dias inúteis as ruas morrem carnavalizando o tédio
(José Carlos de Souza)
(Oásis)
dia pleno
na areia do deserto
grãos de sol
à noite
a lua brota sorrateira
oásis
(José Carlos de Souza)
(Noite mal dormida)
o olhar claro da aurora faz com que eu sacuda o mal-estar e beba os últimos goles do pesadelo
(José Carlos de Souza)
(!)
na vida
o que não for hipocrisia vira matéria-prima para a poesia
(José Carlos de Souza)
(Poema estrela)
em mansas aragens ouço palavras em línguas nuas
(José Carlos de Souza)
(...)
a mente cósmica grava em nós
missão e destino
(José Carlos de Souza)
(?)
se ando te vejo no outro lado da história
se durmo sonho com você do outro lado do espelho
(José Carlos de Souza)
quarta-feira, 15 de outubro de 2014
(Não ou sim)
calma! não me leve a alma não me tire a paz leve somente os últimos poentes e algumas estrelas cadentes
deixe comigo os aromas recentes os sabores antigos mas seja breve não me roube o tempo nem gaste o seu latim
vamos deixar que a paixão depure e o coração uma razão procure e o amor nos diga sim ou não não ou ou sim
(José Carlos de Souza)
sexta-feira, 10 de outubro de 2014
(Trinca)
chão de peixes lar dos náufragos mar de estrelas
José Carlos de Souza
quinta-feira, 2 de outubro de 2014
(Cadê a paz?)
cadê a paz?
tem gente demais gerando conflitos e uma paz inconclusa vivendo em nós (José Carlos de Souza)
(Descaminho)
nossa pose nua no momento da posse
iguais na metade do caminho extrema paixão descaminho (José Carlos de Souza)
quarta-feira, 1 de outubro de 2014
(Abya Yala)
cordilheiras no ar no céu todo mar deus sol a brilhar
era serpente e jaguar totens a nos irmanar riquezas sem par
veio a usura e o altar correntes a escravizar um povo que sabia sonhar
tribos dizimadas em desatada sangria corações feridos, almas vazias
América sombria o frio do metal no olhos da harpia
(José Carlos de Souza)
quinta-feira, 25 de setembro de 2014
(Primavera)
vejo na rosa um sorriso um verso de esperança (José Carlos de Souza)
segunda-feira, 8 de setembro de 2014
(Samba Mudo)
o coração do poeta bate surdo quando o samba se faz mudo
o samba é semente que brota da imaginação fecundo raio de luz que rasga a escuridão quando a madrugada recolhe o seu manto o poeta, com voz orvalhada embriagado de poesia tira do silêncio o canto falando de amor em cadenciada alquimia.
na folha da memória inscreve-se a boemia colocando o samba na pauta do dia e a velha guarda nos livros de história
o coração do poeta bate surdo quando o samba se faz mudo
(José Carlos de Souza) * Letra musicada por Wimer Bottura Júnior
sexta-feira, 5 de setembro de 2014
(*)
sequestrei o mar na mansidão dos teus olhos (José Carlos de Souza)
quinta-feira, 4 de setembro de 2014
(Zanga)
suspiro articulado como prévia do bocejo mal-humorado stress desencadeado (José Carlos de Souza)
(...)
a definição do ser serpente sempiterno
a aferição do céu solúvel casa do homem eterno (José Carlos de Souza)
terça-feira, 2 de setembro de 2014
(Solto de corda e canga)
solto de corda e canga andei por ruas, estradas longe do meu caminho errei por noites escuras pulei de ninho em ninho. pisei terras estranhas, joguei pedras, descaminhos. nas veredas plantei a sorte travei batalhas, lutei sozinho.
garimpei águas marinhas, destilei o mais fino licor, das estrelas colhi o brilho, tudo por você, meu amor! tudo pra você, meu amor!
(José Carlos de Souza)
(Sou assim)
sou assim longe de você nem me conheço perto me perco quase desapareço.
sou assim tonto de tanto amar sonso como o rio e o mar quando vejo você enlouqueço.
sou assim como o sol e a chuva o mosto da nobre uva quando viajo em suas curvas do mundo me esqueço.
(José Carlos de Souza)
segunda-feira, 1 de setembro de 2014
(Saudade)
saudade é um rio aceso queimando solidão
(José Carlos de Souza)
sábado, 30 de agosto de 2014
quarta-feira, 27 de agosto de 2014
(Herzog - Farsa grotesca)
farsa mal montada
história mal contada (José Carlos de Souza)
terça-feira, 26 de agosto de 2014
(!)
a fala fere a seda fina
breves tensões
o orgasmo libera gritos em profusão (José Carlos de Souza)
(mimetismo)
lagarto no jardim. cores ou flores? (José Carlos de Souza)
(...) folha de couve rendilhada.lagarta laborando poema (José Carlos de Souza)
(Temeridade)
hora do rush e o velhinho atravessa o asfalto no seu passo pingado. (José Carlos de Souza)
terça-feira, 19 de agosto de 2014
(Prazer)
calidamente finos dentes mordem a carne e a mente
o coração se dissolve
(José Carlos de Souza)
(...) poeira e lama. chão que alimenta os meus pés (José Carlos de Souza)
(Na casa do sem jeito)
às vezes a vida é uma encruzilhada uma armadilha uma cilada
às vezes nem isso (José Carlos de Souza)
Canoa Quebrada (cantiga de brisa e de sol)
teu céu sempre sol nas noites de cem luas Canoa dança como um girassol (José Carlos de Souza)
segunda-feira, 18 de agosto de 2014
(!)
o louco vai. leva na mão o vazio da esperança
o louco vem. vem de conversa com o tempo
os deuses perderam a paciência nós perdemos os deuses
(José Carlos de Souza)
(Futuro)
um tiro no escuro
assim é o nosso futuro (José Carlos de Souza)
(...)
me despi do momento
num cafuné de segredos.
(José Carlos de Souza)
(...)
mar.sombra da eternidade (José Carlos de Souza)
quarta-feira, 13 de agosto de 2014
(Líquido olhar)
o sol derretendo cristais líquido olhar cores do medo
no aquário os peixes sonham... ...outros mares (José Carlos de Souza)
(!)
a minha casa não pode ser o acaso
a minha vida não pode ser só ocaso (José Carlos de Souza)
terça-feira, 12 de agosto de 2014
(Sonhos calados)
fechem os olhos não haverá amanhã
criptografamos o medo estacionado na fonte no modo reverso de um arco-íris digital
estamos perdidos (melhor não ver) seremos banidos? (melhor não crer)
não mais terra (residência) não mais céu (resistência)
sonhos calados agora é o vento que corre sem medo
o melhor da imagem beijo lavrado em lábios ardentes asas do verbo tessitura da fala, línguas e dentes súbitos horizontes mãos esticando a pele do tempo
(José Carlos de Souza)
quinta-feira, 31 de julho de 2014
(Trincas) 1 Cantoria infernal. Os gatos namorando no fundo do quintal.
2 Tempestade repentina. O cheiro de terra molhada invadindo as narinas.
3 Ganhar o pão com o suor do próprio rosto. Neste frio, é fogo! (José Carlos de Souza)
quarta-feira, 30 de julho de 2014
(Quimera)
miro a paisagem como quem sorve uma abstração quebro os fios gastos da ilusão passo a viver com os credos de um novo amanhecer tingindo os dedos na magia do anoitecer.
na cadência do dia a dia céu em brasas chão de miragens Quimera me abraça e eu sigo viagem.
não posso ficar olhando o tempo passar é rápido o trem da história é pegar ou largar esquecimento ou memória.
(José Carlos de Souza)
* Musicado por Eduardo Knaip
(Desvario)
noite acesa em perfumes ouço e conto teus passos leves, vens de mansinho sou atraído pela tua voz macia, canto de passarinho
noite de raras imagens
cores multiplicando flores espelhos compondo miragens a vida pedindo licença o destino forçando passagem
os corpos criam dialetos arregimentam suspiros
mãos manobram carícias lábios sussurram malícias
regências do cio, desvario.
(José Carlos de Souza)
terça-feira, 29 de julho de 2014
"nuvens são pássaros d'água." (José Carlos de Souza)
(Coisas de criança)
quando eu crescer eu vou ficar bem grande assim como meu pai.
depois eu vou ficar velhinho assim como meu vô.
aí, depois, eu vou virar passarinho assim... sabiá, beija-flor.
(José Carlos de Souza)
segunda-feira, 28 de julho de 2014
(Palavra esquecida)
escrevo você em imagens aura perfumada de jasmim
palavra esquecida nas dobras do tempo.
(José Carlos de Souza)
(Copo de luar)
de tardezinha a terra mergulha em silêncio e meditação.
à noite bebo um copo de luar. (José Carlos de Souza)
(Sismos e cismas)
sismos e cismas
gestual caótico
meu coração soterrado emite sinais
eternidade pálida. (José Carlos de Souza)
sexta-feira, 25 de julho de 2014
(Trincas)
1 lúdica inspiração :barquinho de papel tonteando na chuva.
2 temporal :cortina viva dispersando o pensamento.
3 rastro de prata cortando o quintal :caracol viageiro.
(José Carlos de Souza)
(Trincas)
1 trago numa arca, ornada de teias e traças, as cinzas do futuro. 2 quando você cria, você destrói a realidade. a realidade é o que não havia. 3 esquecimento. vento que varre da mente os acontecimentos. (José Carlos de Souza)
terça-feira, 22 de julho de 2014
(Trincas)
1 um dia a casa cai e nasce dos seus escombros um novo haikai.
2 o livro fechado as palavras em silêncio - natureza morta -
o tempo se dissolve nas águas salgadas do ilógico mar. falsos marujos bebem ecos de sal saudando a manhã.
barcos errantes bandeira negra da perdição navios mercantes o medo ataca a tripulação rum no olhar do corsário infusão de gritos, alaridos, confusão.
velhos marinheiros logo viram vultos são estrelas que afundam no mar das Antilhas.
(José Carlos de Souza)
terça-feira, 15 de julho de 2014
(Catarse)
quebrar as louças da idolatria rasgar o véu da hipocrisia tocar o céu ver o que não via
vomitar o ódio para aplacar o mal dissolver o orgulho em água e sal serenar a mente para reordenar o caos
centelha cósmica gozo transcendental salto mortal da alma universal
(José Carlos de Souza)
sábado, 5 de julho de 2014
(*)
no futuro sobreviverá quem souber acreditar sem se deixar iludir.
(José Carlos de Souza)
(Tempo)
tempo já que não posso detê-lo que eu ao menos possa tê-lo sem nenhum contratempo. (José Carlos de Souza)
(Memórias)
memórias são dados linho gasto e amarelado rugas formando traços teias estendidas no tempo.
(José Carlos de Souza)
quarta-feira, 2 de julho de 2014
(!) mesmo rude a luz da candeia clareia
olhar que ilude disco na areia lua cheia
(José Carlos de Souza)
(Sonatina)
canto de ave no silêncio dos homens
rabisco um riso em versos que não se desenham num céu de cores planas
cisco no olho da inveja (José Carlos de Souza)
(*) no encarte da alma quebramos palavras sem despertar eco
(José Carlos de Souza)
sexta-feira, 27 de junho de 2014
(Sousândrade no inferno de Wall Street)
muíscas almíscar patchuli a selva acaba aqui wall street manda seu recado: é pra quem entende do riscado. antro infecto, inferno, covil natureza diabólica, hostil
debêntures commodities ações a cotação acelera os corações compra venda alma no lucro o ágio cria novas tentações o sobe e desce dos pregões riqueza volátil, pútrido sepulcro
quebra debacle bancarrota erro crasso, aposta infeliz (José Carlos de Souza)
segunda-feira, 26 de maio de 2014
(Trama)
trama em aberto
(cores espalhando flores, bucólicas paisagens) (o desejo tem pele de seda e dentes macios)
(José Carlos de Souza)
(Babilônia descartável)
piegas e plena mãe de meninas "messalinas". arrogante, cheia de desplante com seu progresso de fancaria jardins e palácios, piscinas e haras cópias grotescas, obras de pirataria.
desalmada, iníqua e bela cinderela de lixo e escárnio aposta paga em moeda falsa
tudo pura fumaça remix do ridículo mixórdia e trapaça.
caricaturas do mal tudo muito igual "admirável mundo novo" babilônia descartável o ódio no poder justiça desigual.
(José Carlos de Souza)
*Musicado por Vitor Munhoz
(Tem dias)
tem dias de sol dias de imensa alegria
tem dia que nem é dia dia que já nasce noite
tem saudade que logo vira nostalgia dias de afagos e açoites
tem dias de febre dias de cão dias de dor e aflição
tem dias em que bebo dias em que guardo segredos dias de devoção
tem dias que o sim significa não canção de negro em degredo tem amor que só arranha o coração
(José Carlos de Souza)
quinta-feira, 1 de maio de 2014
(Arte)
arte é para deslumbrar a visão, alterar os sentidos, incendiar a mente. (José Carlos de Souza)
(Temporal de vidro)
os minutos escorrem pedras florescem na mata virgem em meio ao temporal de vidro orvalham luzes e girassóis
o poema rasga as vestes de um novo dia (José Carlos de Souza)
(Origami)
origami
dobras perfeitas dão vida ao papel
(José Carlos de Souza)
(Ouse!)
céu de cinzas repete antigas imagens seja um mar oceano em chamas ouse!
(José Carlos de Souza)
(***) a palavra liberdade flutua entre o pássaro e a gaiola (José Carlos de Souza)
(...) escrevemos o que nos grita a alma
menos que o pensamento mais que o sentimento (José Carlos de Souza)
domingo, 27 de abril de 2014
(Griô)
meu avô sábio griô coleciona sonhos
senhor da paisagem carrega os caminhos na palma da mão
cabelos cor do tempo aura mística, mítica imagem porta-voz da canção
memória poética coração iluminado sorriso de libertação
pássaro encantado verbo encarnado guia de gerações
meu avô poeta ancestral magistral, mestre, griô
(José Carlos de Souza)
*Musicado por Ciro Carvalho
sábado, 26 de abril de 2014
(.) antes de pastar no mar/os rios/ matam sedes ribeirinhas
(José Carlos de Souza)
(Aquário) pássaros de asas cortadas
peixinhos deslizam no aquário
(José Carlos de Souza)
sexta-feira, 25 de abril de 2014
(Abismo)
você diz que não negando sua amizade eu digo que sim com a maior naturalidade.
você faz que não vê eu vejo o que me dá vontade você banaliza o viver eu faço do viver uma verdade.
um abismo nos separa como a mudez e a fala mas não nego o que um dia senti hoje, meu coração nem se abala.
(José Carlos de Souza)
quinta-feira, 24 de abril de 2014
quarta-feira, 23 de abril de 2014
(Quadrante lunar)
trago em mim teu perfume dos teus olhos o lume versos gravados na pele poemas suspensos no ar ancorado em sonhos dourado quadrante lunar
no compasso das horas
marca o tempo milenar
mesmo que não seja domingo que a rua esteja sem graça vem cantar comigo na praça
até o sol se pôr
e depois, seja como for coração em perigo
é a lua quem vai reinar
ela e você
...você
(José Carlos de Souza)
segunda-feira, 21 de abril de 2014
(Ideograma)
ideograma bizarro lúdico gatilho
no amor todo cuidado é pouco
ouço o som dos teus olhos viola que mata e esfola perdido no mar de abrolhos em barquinho de papel e cola
no amor todo prazer é louco
(José Carlos de Souza)
quarta-feira, 16 de abril de 2014
(Sonatina)
flores espelham cores
cores espalham flores
na língua todos os sabores...
(José Carlos de Souza)
(Surpresa)
abro a caixa de ferramentas e descubro caminhos manuais (José Carlos de Souza)
segunda-feira, 31 de março de 2014
(Mundo precário)
descamo poemas nesta manhã absurda
descubro caminhos
penso no que somos (mosca rato serpente uma mente brilhante uma raça horripilante demente!) sol esquivo fechado em seu brilho
antes de desligar o dia amarro um quadro no quarto de vozes
na câmara ardente dos sonhos estaciono o amanhã
mundo precário.
(José Carlos de Souza)
(!)
no quintal numa dança de iguais brincam os pardais.