(Mundo precário)

 
descamo poemas
nesta manhã absurda

descubro caminhos

penso no que somos
(mosca
           rato
                 serpente
uma mente brilhante
uma raça horripilante
        demente!)
sol esquivo
fechado em seu brilho

antes de desligar o dia
amarro um quadro
no quarto de vozes

na câmara ardente dos sonhos
estaciono o amanhã

mundo precário.

         (José Carlos de Souza)

(!)

no quintal
numa dança de iguais
brincam os pardais.

   (José Carlos de Souza)

(Seus olhos)

seus olhos    
ardem em mim   

:vitrais de desejos.

   (José Carlos de Souza)

(!)

brejeira.

cheiro matuto de palha
adoçando as manhãs.

       (José Carlos de Souza)

(Digitando segredos)

com a ponta dos dedos

vou riscando o céu

digitando segredos.

 

         (José Carlos de Souza)

 

(*)

a cor distante
quebrando horizontes
encarnando o azul

pequeno barco
naufragado em sonhos

     (José Carlos de Souza)

(A vida)

a vida não é prato barato
é briga de gato com rato
é conflito do princípio ao fim
para tudo acabar em festim.

tá um sobe e desce danado
na montanha-russa da fé
tem santo que perdeu o rebolado
tem ateu frequentando a Sé

a vida rifada num sermão
a sorte lançada, dados em vão
o sol nascendo para alguns
para todos, sete palmos de chão

para se dar bem na vida
tem que saber dizer sim
tem que poder dizer não
tem que poder dizer sim
tem que saber dizer não

                  (José Carlos de Souza)

(Uma cor, uma flor, um amor)

se um dia
você me encontrar
zanzando por aí
saiba que perdi o norte
fantasiando situações
ao preço das ilusões.

mas
se um dia,
depois de muito zanzar,
eu me encontrar,
sei que terei em você
um abrigo seguro e
um motivo para amar.

"uma cor
colorindo o infinito
uma flor
em forma de escudo
um amor
que se cala e que diz tudo."

             (José Carlos de Souza)