segunda-feira, 28 de dezembro de 2020



(céu de abismos)




à margem da vida
no mais completo abandono
tropel de incréus
em céu de abismos

nenhuma ação coerente
nenhuma opção decente
o mais que se faz
é ranger os dentes

os punhos sonolentos se atrofiam
corpos alquebrados definham
nenhuma reação urgente
nenhuma revolução aparente

nega-se a terra a quem nela labuta
mata-se covardemente por quem por ela luta

a desigualdade produz miséria em cadeia
envergonha a humanidade, tece sinistra teia

almas mortas relegadas ao silêncio
uma mácula que afronta os deuses

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